domingo, 3 de maio de 2015

A Aula é a Alma do Negócio

Quando se fala de marketing, uma frase vem sempre à mente. É um lugar comum que afirma: a propaganda é a alma do negócio. No entanto, há algo de questionável nessa afirmação. Ela sugere que qualquer valor pode ser imposto às pessoas, desde que venha encoberto por uma máscara de aparente credibilidade. Acrescente-se que existe, ainda, a sugestão implícita de que aquele valor nem precisa ser muito legítimo...
Talvez esse clichê publicitário funcione em alguns setores, mas certamente ele não tem fundamento ou durabilidade quando o assunto é escola. Não há dúvida de que, no ambiente escolar, a propaganda é parte do negócio. É preciso levar ao conhecimento público – clientes já conquistados ou potenciais – todo o trabalho efetivamente desenvolvido ali.
O importante é exatamente isso: trata-se de um trabalho efetivo. Isso quer dizer que, em uma escola, a máscara cai rapidamente. A propaganda é importante para o negócio, mas não é sua alma.
A escola como empresa e como proposta pedagógica tem uma única e mesma alma: aquilo que ocorre dentro de uma sala de aula, em situação de ensino e aprendizagem. A imagem de uma escola depende do sucesso da relação que se estabelece entre professor e aluno.
A aula é o ponto de chegada de tudo o que ocorre na escola e o ponto de partida para tudo o que pode continuar acontecendo. Talvez seja interessante retomar o velho clichê e adaptá-lo ao cotidiano escolar: nele, a aula é a propaganda do negócio.


Marcílio Couto

Professor de Literatura

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