Se você perguntar para dez torcedores do São Paulo qual é o principal problema do time, seja em 2016, seja nos últimos anos, é capaz de encontrar dez respostas diferentes. Jogadores, diretoria, torcida, técnico, estrutura política… cada um tem a sua teoria. E o que isso quer dizer? Que não temos apenas um problema. E, obviamente, eles não são excludentes.
De um tempo para cá, e eu não sei exatamente quando isso começou, mas imagino que pouco antes do absurdo terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, o São Paulo se tornou uma grande bagunça e quase “terra de ninguém”. Cada um faz o que bem entender e fica por isso mesmo.
Temos jogadores fracos e descomprometidos no elenco, que só se esforçam para fazer uma espécie de protesto porque o salário atrasou. Ao mesmo tempo, muitos deles se acham craques, o que torna a situação ainda pior para o clube. Para agravar, ainda são mimados e incrivelmente individualistas. Não duvido que eles queiram vencer. Todos querem. Mas eles simplesmente não querem fazer nada para chegar à conquista. Se der para vencer sem fazer esforço, ok! Se tiver que ter alguma contrapartida, aí é melhor ficar só com o gordo salário que cairá na conta independentemente de esforço ou resultado.
Temos engravatados que só gostam do São Paulo por causa dos benefícios pessoais. Carteirada aqui ou ali, ingresso, poder, influência e sabe-se lá mais o quê. O clube? Ah, deixa para lá. Eles já estão gastando tempo demais em seus grupos políticos.
Temos pessoas em cargos fundamentais que podem até ser importante em outras áreas, mas são incompetentes na função que deveriam exercer. E que inclusive disseram que sairiam caso não obtivessem resultado, mas lá estão. Também temos empresários que poderiam muito ajudar, mas querem algo em troca. Paixão seletiva! Temos ex-assistente que não faz nada útil há anos e vive de glórias do passado. Pior: ainda atrapalha, porque não pode perder sua mamata e fará o possível para se manter ali, custe o que custar.
Temos uma torcida feroz… nas redes sociais, enquanto o Pacaembu (seria mal localizado também?) fica às moscas. Por mais que o ingresso não esteja por um valor justo, colocar três mil pessoas em duas oportunidades seguidas é inadmissível, humilhante, desqualificante. É do São Paulo Futebol Clube que estamos falando. Mas eu imagino que deva ser difícil para muitos conciliar a ida ao estádio com a assessoria à alguns jogadores, defendendo-os cegamente. O clube pode esperar enquanto isso. Fã-Clube é prioridade para alguns.
Temos blogs e sites que se dizem são-paulinos, mas prestam um desserviço indescritível. Seja mentindo ou manipulando de alguma maneira, sempre ganhando algo em troca das pessoas que estão sendo favorecidas com a manipulação.
E aí temos o que considero pior: pessoas dentro do clube que levam o interesse pessoal a outro patamar. A ponto de terem que ser separadas daqueles que querem “apenas” uma carteirinha. Pessoas como certo ex-presidente, que a agremiação possui PROVAS de que roubou (!) o clube e, em vez de estar preso junto com um ex-vice-presidente e sua gangue, está dando palpite no Morumbi em reuniões e encontros. Vamos repetir: pessoas que lesaram absurda e criminosamente o clube estão “ajudando” a decidir o rumo da instituição. Inclusive, continuam com direito a voto!
Tudo isso graças a um órgão do clube que preferiu proteger o amigo, em um caso de pizza maior que dez Morumbis. O maior prejudicado? O São Paulo, claro. Tanto pelo que passou, quanto pelo que ainda pode vir, inclusive com os mesmos personagens.
Mas também NÃO temos algumas coisas, como cobrança. No dia seguinte aos 6 a 1, por exemplo, jogo em que os salários estavam em dia, não custa lembrar, os jogadores ganharam… folga! Aparentemente, as pessoas que cuidam do futebol entenderam que a folga, planejada antes do jogo, era merecida e devia ser mantida.
Ainda sobre “cobrança”: não vá fazer isso com os jogadores fora do estádio, porque uma grande parte da torcida irá repreendê-lo por isso! Onde já se viu cobrar jogador em aeroporto, por exemplo? Eles são intocáveis! Podem humilhar a história do clube, tomar seis do rival, perder em casa para boliviano e depender da piedade de outros rivais para não tomar outras goleadas, isso não parece importar. O importante é ir ao CT chamar esses caras de “guerreiros”, em um belo símbolo do que é o São Paulo hoje.
Essa lista de coisas ainda teria diversos outros tópicos, mas acho que já deu para entender o ponto principal. Não temos apenas um problema, temos vários. E um resumo bom para todos eles é: hoje, é fácil demais estar no São Paulo, cada um pelo seu motivo. E quando isso acontece, é preciso depender da hombridade e do caráter de pessoas que nem sempre possuem essas características como principais.
Mas é como já li de um torcedor que certamente não terá sua vida alterada se o clube for campeão ou rebaixado: “Você já tomou uma cerveja no bar com esses caras que você chama de mau-caráter para falar isso?”. Realmente, porque o que importa é o papo no bar, não as atitudes em relação ao time.
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